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20 anos de silêncio e dor


Escultura de Keli Lambert

Aos 45 anos, finalmente encontro a coragem para expor a dura realidade que vivi por duas décadas: 20 anos de violência doméstica. Uma história que romantizei como "amor intenso", mas que na verdade foi um pesadelo, um cárcere, uma vida roubada.


No início, tudo parecia perfeito. Ele era atencioso, carinhoso, me fazia sentir a mulher mais especial do mundo. Mas, com o tempo, a máscara foi caindo, revelando um monstro que me torturava física e psicologicamente.


Para o mundo exterior, a nossa vida era um conto de fadas. Sorrisos nas fotos, viagens românticas, declarações de amor nas redes sociais. Mas, a realidade por trás das aparências era muito diferente.


Eu vivia em um constante estado de medo e insegurança. As ofensas, humilhações e ameaças se tornaram rotina. Ele me controlava, me isolava dos meus amigos e familiares, me fazia sentir inferior e incapaz.


Eu não podia contar a ninguém. Ele me ameaçava, me dizia que ninguém acreditaria em mim, que eu seria humilhada e julgada. Ele me convenceu de que eu era a culpada, que eu merecia sofrer, que eu precisava mudar para ser amada.

Por anos, escondi a minha dor do mundo. Criei uma fachada de felicidade, um personagem que representava a mulher perfeita que ele queria que eu fosse.


Até que, um dia, em um momento difícil, confessei meu sofrimento para uma amiga. Ela, com olhos cheios de compaixão e palavras de apoio, me incentivou a buscar ajuda e ficou ao meu lado.


Foi a partir desse momento que a mudança começou a se desenhar. Com o apoio da minha amiga e de um psicólogo especializado em violência doméstica, encontrei a força para denunciar meu agressor e romper o ciclo de violência.


O processo foi árduo e doloroso. Enfrentei o medo, a insegurança, o julgamento e a culpa. Mas a cada passo, me aproximava da liberdade e da reconstrução da minha vida.

Com o tempo, me curei das feridas físicas e emocionais, aprendi a amar e respeitar a mim mesma, e me cerquei de pessoas que me valorizavam e me apoiavam. Reconstruí minha vida do zero.


Minha história é um alerta para que outras mulheres não passem pelo que eu passei. Que a violência doméstica nunca seja romantizada ou minimizada. Que as vítimas tenham acesso a apoio, proteção e acompanhamento psicológico especializado. Que a sociedade se mobilize para combater esse mal que assola tantas mulheres.


Que a minha voz ecoe como um grito de guerra contra a violência doméstica, um chamado à ação para construir um mundo mais justo e seguro para todas as mulheres.


Lembre-se:

  • Você não está sozinha.

  • Você merece ser amada e respeitada.

  • Existem pessoas que podem te ajudar.

  • Denuncie a violência.

  • Lute pela sua felicidade!


Canal de ajuda:

  • Ligue 180: Central de Atendimento à Mulher


Você não precisa passar por isso sozinha. Busque ajuda e reconstrua sua vida!


Juntas, podemos quebrar o silêncio e construir um futuro livre da violência contra a mulher.


Leitora Anônima


**A imagem que ilustra o texto é uma escultura da ANOTADORA Keli Lambert

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