Emoção, satisfação, orgulho e aquele vazio! Parece que tiraram células do meu corpo. Tudo funciona, mas funciona diferente.
A gente sente uma sensação nova, única desta etapa da vida que faz parte da jornada dos jovens e dos pais nos EUA. As minhas filhas nasceram, foram criadas aqui, mas não adianta quando chega a hora, o aperto no coração é quase indiscritível!
Eu, particularmente, fico meio perdida. Parece que perco o rumo mesmo. Eu sei tudo o que está acontecendo, eu sei o porquê desse sentimento, e mesmo assim fica difícil localizar a dor. A dor que é quase física. A dor da falta e da emoção de todas as etapas dos nosso filhos. A lembrança de cada momento gostoso, divertido, e também desafiador com eles.
Passa um filme na cabeça da mãe, desde o dia do nascimento, o primeiro dia na escolinha, a lancheira, a mochilinha, as amiguinhas e os amiguinhos, as apresentações escolares, a mudança de escola, a facilidade nessa matéria, e também a dificuldade em outra, o triunfo nos esportes, e viagens em família.
Vem tudo à mente ao mesmo tempo - parece um trem bala.
E aí, eu já sentada no volante depois daquele abraço apertado e de umas boas risadas, eu levanto a cabeça e vejo a carinha dela, aquele mesmo olharzinho de quando era pequena, mas agora um olhar mais alerta e curioso, o olhar mostrando ali a antecipação do que está por vir.
E ao mesmo tempo o brilho no olhar que irradia alegria!
Eu levei uma filha semana passada para o campus, foi tudo muito gostoso, as compras, o planejamento de todos os detalhes para a organização do quarto, os posters para a parede, e falta isso e aí falta aquilo, pede isso na internet, passa na loja no caminho para o campus, carro lotado, e lá vamos nós!
Ela, dirige parte do caminho, afinal já muitas amigas chegam na escola com seu próprio carro. E eu vou feliz, curtindo as músicas que ela gosta, a gente conversa, ri, eu vou descobrindo ou tentando descobrir quem ela está se tornando mesmo, mas ali dentro de mim, já tem uma mãe com o coração apertado, já morrendo de saudades e sabendo que a volta para casa vai ser difícil - sozinha!
É isso, entro no carro e choro! Aumento o volume da música, e choro mais um pouquinho!
As festas, a vida social e as responsabilidades começam, eu fico ligada no Instagram, na localização do telefone dela, para saber onde ela está, o que está fazendo, mas mesmo assim sinto aquele ladinho egoísta de mãe, eu queria estar com ela!
Sorte de quem está com ela, que tem a oportunidade de conhecê-la, e sorte dela de poder viver tudo isso.
Desejo sempre, saúde, pé no chão, muita água, muita fruta, bom sono e foco nos estudos!
E que ela curta as amizades e aproveite todas as oportunidades que o college oferece. Isso seria assunto para um outro texto, as oportunidades e as possibilidades são incontáveis se eu comparar com a minha experiência de faculdade no Brasil. O propósito e momento todo da vida de um estudante no college aqui é outro!
É um mundo que se abre pra eles onde a gente faz parte, mas não participa efetivamente. Momento em que a gente confia na criação, nos valores, nos princípios passados e também conta com o anjo da guarda e com a sorte!
É num piscar de olhos que saem da infância pra adolescência e, de repente, carteira de motorista na mão e college!
Conversa frequente aqui, “já no college?” Um grande marco!
Anotem aí, Tudo passa muito rápido, minha gente!
Ah, lembrei aqui que uma vez uma mãe com o filho no College me disse: “I can call him once a week.” (Eu posso ligar para o meu filho uma vez por semana). E eu só pensei, “como assim?”
O meu acordo com minhas filhas é informal, mas elas sabem que sou firme. A gente se comunica todos os dias, e hoje em dia tem mil plataformas para tal, e eu ligo quando eu quiser rsrsrs, e elas atendem quando estão disponíveis, mas atendem, senão eu apareço lá no campus!
Voltando à emoção do dia que deixei uma delas no campus. Em casa ainda o abraço das irmãs, do pai, o aperto na cachorrinha, o quarto vazio, e as malas cheias porque ela precisa de roupas, de maquiagem, e tudo mais que é necessário para as atividades, esportes e para criar o seu pertencer!
Ah, e o entusiasmo!
Eu não sei como o meu coração aguenta de orgulho e de sentir a falta dela antes até de sairmos de casa!
Vale lembrar aqui que não é o primeiro ano das minhas filhas na faculdade, elas vão e vem, mas cada partida é um passo a mais abrindo caminho para a independência delas!
Demorei 10 dias para conseguir processar a emoção, e semana que vem a outra volta para o campus da faculdade dela também! Coloco a mão no peito, respiro fundo, e também fico animada com a oportunidade de uma casa mais calma, pois só uma continua em casa.
Eu adoro o meu tem tempo, o silêncio que é reparador, mas que em alguns momentos pode ser enlouquecedor também sem elas em casa!
Contraditório, né? É sim! A vida é!
Até a próxima!
Rose Sperling
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