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A mula sem cabeça e o capeta




A menopausa chegou, e agora?

Será o tal climatério, Alzheimer ou sequelas do COVID?


De repente, a chave do carro foi parar no armário do banheiro, o almoço com a amiga parece não ter existido, pois sequer me lembro do que ela falou ou do que comemos... dessa forma, tomei consciência de que algo não estava bem dentro de mim.

Quem procurar? Médico? Taróloga? Contar ou não para as pessoas o que eu estava sentindo? E os julgamentos? Medos?


Isso foi só o começo, pois comecei a sentir um frio de congelar os ossos, nada me esquentava e, se não bastasse o frio, o choro aparecia do nada, sem motivo algum. Seria depressão? Mas, depressão esporádica? Sim, porque no momento seguinte eu era só alegria.


Muitas outras mudanças me fizeram peregrinar por consultórios médicos até que descobri o climatério. Nome que eu já conhecia pela minha formação. Na verdade, eu estava entrando na famosa menopausa.


E agora?


Confesso que só queria estar bem e tirar tudo isso que nunca me pertenceu.


Fazer reposição hormonal ou não? E a tal genética para câncer feminino? E as opiniões médicas diversas? Outra vez, dúvidas e sofrimento. Sim, a palavra é sofrimento.

A menopausa não é coisa de Deus e, se houver o capeta, é lá que a menopausa está?


Por fim, minha decisão foi fazer reposição e ter qualidade de vida. Venho me cuidando e me estabilizando. Sorte daqueles que convivem comigo, pois nem eu mesma estava me suportando.


A menopausa não é um bicho de sete cabeças, é uma mula sem cabeça descontrolada e triste. Por isso, domesticar a mula é fundamental.


A minha mula hoje é minha amiga. Ufa...


Fernanda Papa de Campos



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