Divórcio é transição. Divórcio não é destruição. Divórcio não é guerra”
(trecho extraído da Carta Aberta à Sociedade do movimento Divórcio com Respeito)*
Na semana passada, aconteceu no perfil @divorciocomrespeito a 3ª Semana do Divórcio com Respeito, um evento incrível, cheio de conversas, debates e reflexões sobre assuntos relacionados ao divórcio.
Foi maravilhoso ouvir de tantos profissionais de diferentes áreas do conhecimento falas convergentes no sentido de ressignificar este momento tão delicado e complexo da vida de qualquer pessoa.
Como psicoterapeuta e advogada, o tema do divórcio me interessa nessas duas frentes.
Me interessam os impactos que um divórcio gera na saúde mental e emocional das pessoas, assim como me interessa a maneira como o Direito pode ser protagonista na condução de processos que tenham como um dos seus objetivos preservar as estruturas emocionais e psíquicas das pessoas neles envolvidas.
Todos nós sabemos que este é um dos momentos mais difíceis que podemos enfrentar na vida, seja como o adulto que está se separando, seja como o filho que está assistindo a tudo sem ter qualquer tipo de voz ou de entendimento sobre o que está acontecendo.
Há muitas coisas em jogo nessa hora, mas em primeiro lugar, a ideia de um divórcio é a ideia do desmoronamento de um projeto de vida, de um sonho compartilhado entre o casal, entre o casal e seus filhos, entre o casal e seus familiares, entre o casal e a sociedade.
Apesar de todos os desafios que surgem nessa hora, este tende a ser um momento bastante solitário e segue sendo difícil para as pessoas pedirem ajuda ou acionarem uma rede de apoio que as acompanhe e ampare.
Ainda faz parte da nossa cultura a ideia de que a vida privada deve ser protegida dos olhares e pitacos alheios. Melhor dizendo: em época de redes sociais, queremos mais é fazer semblante de uma vida de conquistas em série, de plenitude, de perfeição.
Se for para dar pinta do que acontece dentro de casa, melhor é colocar um filtro, sorrir e escrever uma frase positiva e motivacional na legenda.
Falar dos medos, das dúvidas, dos desafios e sofrimentos não cabe nesta receita de sucesso.
Aliás, as ideias de sucesso e de fracasso são grandes balizadores das emoções dentro da dinâmica dos relacionamentos.
Para a mulher, especialmente, estar casada ainda é sinônimo de sucesso na vida pessoal, e estar divorciada, portanto, significa ter fracassado.
Falar de sucesso e de fracasso é falar de poder e se a gente parar para olhar de perto, tem a ver com disputa, com competição. E é exatamente essa mesma lógica que norteia os processos de separação.
Quem vai ganhar, quem vai perder. Quem vai tirar tudo do outro, quem vai sair por cima, quem vai levar a culpa, quem vai ser a vítima.
Mas não tem que ser assim. Precisamos falar sobre maneiras de passar por isso sem que haja devastação, sem que seja solitário, sem que seja carregado de estigmas e julgamentos.
É possível passar por um divórcio sem trauma. É possível fazer um divórcio com respeito.
* DIVÓRCIO COM RESPEITO é um movimento idealizado pela Comissão da Advocacia Colaborativa do Conselho Federal da OAB e pelo Instituto Brasileiro de Práticas Colaborativas
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