Eu já me peguei dizendo que vivo em Nova York por acaso!
Mas será que acaso existe mesmo? Ou será que o que nos acontece é a soma das nossas escolhas?
Aqui vai uma breve história!
Eu, com meus 26 anos mas já um pouco fatigada da minha vida em São Paulo que parecia não tomar um rumo que me agradasse, e me sentindo assim sem novos horizontes depois de mil tentativas, resolvi tirar umas férias em pleno mês de março - sim, uma jovem viajando sozinha, numa época mais barata na baixa temporada, depois do Carnaval - eu queria sair, viajar, pensar ou não pensar, e deixar as coisas acontecerem!
Foi então que, por recomendação de um amigo, fui parar nas praias de Morro de São Paulo, na Bahia, e lá conheci minha primeira amiga americana!
Já contei parte desta história no texto 3 de agosto. Eu acabei vindo para New York City pela primeira vez com ela, aliás, uma força da natureza que veio para esta vida com várias passagens na fila da diversão e uma certa naturalidade com a persuasão - ela me apresentou a cidade, e confesso que achei a cidade interessante, mas caótica, busy (cheia), noisy (barulhenta), e me decepcionei com a Broadway - e sabe o porquê? Eu lembrava da beleza, da história, do ritmo e da polidez em Londres, da West End, onde estão as peças e musicais de teatro!
Essa amiga querida me levou para vários cantos da City e, querendo ou não querendo, eu fui; eu ía, mas mesmo agradecendo por toda a organização e pela animação dela para me mostrar toda a cidade com o olhar dela, eu bati o pé até que entramos numa loja e eu comprei um mapa!
Eu queria um mapa da cidade, sabe aqueles mapas impressos que dobravam com o mapa do metrô e tudo mais, assim me localizaria! Eu sorrio só de lembrar da minha alegria com aquela aquisição!
Assim que abri o mapa, comecei a entender a disposição da City que minha amiga me explicava na velocidade de uma New Yorker, com passo já apressados de uma New Yorker também! Pois bem, mas eu precisa do meu passo!
Com o meu mapa na mão, sozinha nos dias em que minha amiga teve compromissos de família fora da cidade, eu me pus a caminhar no verão nada confortável de Manhattan e, sim, andei por vários bairros, do Upper West Side cruzei para o Upper East Side, e desci tudo a pé, toda a 5th Avenue, e lá no triângulo das ruas ao redor do prédio Flatiron, onde é preciso escolher descer pela Broadway ou 5th Avenue, eu continuei pela Broadway e cheguei à Union Square!
Foi aí que passei a sentir a vibração da cidade, o batimento do coração da cidade, os vários estilos, as pessoas e também a prestar atenção e escutar de perto um inglês muito diferente daquele que eu estava acostumada - o britânico!
E foi também por acaso dos acasos, que conheci meu marido no Central Park (leia o texto 3 de agosto), ou como ele disse, a chance meeting (um encontro sem ser planejado) e, depois de meses de correspondência, longos telefonemas e uma ida dele para o Brasil, eu voltei para os EUA onde passamos juntos 10 dias encantadores - e na City com ele (meu marido), um novo caminho começou a se abrir para mim, mas eu não sabia ainda!
Entre um vai e vem entre Brasil e USA, eu me mudei para New York City em maio de 1998!
Sendo aquela que precisa ter seu mapa e roteiro próprios de vida, e mesmo adorando espontaneidade e aprendendo a aceitar os imprevistos e obstáculos na vida, eu me mudei para os EUA com minhas pesquisas e meus recursos!
Vim com a força e a coragem que aprendi no Brasil, e cheguei com meu visto de estudante para estudar em Manhattan! Na minha cabeça eu estava dando um super pulo para a minha vida tomar um rumo, uma oportunidade para seguir o meu coração e conhecer melhor o “moço americano” de perto, mas dentro de mim eu pensava, “se não der certo em Nova York, eu saio com meu diploma e vou morar em Londres - minha paixão!”
E não é que fiquei, me casei e criei 3 lindas New Yorkers! New York City passou a ser o meu lar doce lar!
Quando comecei a escrever este texto com base na palavra acaso, a música Escrito nas Estrelas da Tetê Espíndola me veio à mente,
Na mesma hora, eu pensei, "- E lá NYC ou meu marido conhecem esta música?” - Acredito que não, mas que faz sentido faz:
“Você pra mim foi o Sol
De uma noite sem fim
Que acendeu o que sou
E renasceu tudo em mim
Agora eu sei muito bem
Que eu nasci só pra ser
Sua parceira, seu bem
E só morrer de prazer
Caso do acaso
Bem marcado em cartas de tarot
Meu amor, esse amor
De cartas claras sobre a mesa
É assim”
Como minha filha diz: “- You have a song for every word in Portuguese!” (Você tem música para cada palavra em português!).
E é bem verdade, por acaso a nossa querida bagagem musical brasileira nos aconchega assim!
E aí percebi que se trata de um amor pela cidade, meu amor por NYC!
Vou falar baixo, mas vou falar, tem amor e tem raiva, essa cidade me encanta e me desafia!
Já chorei e já sorri muito no decorrer desses mais de 25 anos!
Um acaso, que por acaso me pegou, me conquistou e me estabeleceu por aqui!
Um caso de amor pela City. E sim, tem meu marido no centro da história, e muitas vezes eu até confundo NYC com ele, pois os dois não param - always busy, always working, always being productive and still with the mentality of the work hard, play hard! (sempre ocupado, sempre trabalhando, sempre sendo produtivo e ainda com a mentalidade de trabalhar muito e se divertir muito!)
Recentemente, minha amiga com quem vim para NYC em 1997 me lembrou como fiquei encantada com a city! Eu não sei se colocaria assim, se é assim que eu me lembrava, mas ela me disse que eu gostei da city assim que pisei aqui!
Vou terminando este texto com mil ideias e lembrando de muitas histórias desta parte da minha vida que, por acaso era para ser em NYC!
Não posso deixar de prestar homenagem ao Frank Sinatra que sabia o que estava falando na música New York, New York - música sempre atual e uma inspiração:
“If I can make it there I'll make it anywhere It's up to you New York, New York”
Demorei anos para entender e a sentir na pele, mas é isso, se você conseguir vencer em NYC, você consegue vencer em qualquer lugar!
Eu traduzi como vencer, entendam vencer como conquistar algo ou obter sucesso pessoal e/ou profissional, ou entendam como quiserem! It is up to you! (Isso é com vocês!)
Até a próxima!
Rose Sperling
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