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O meu mundo girou




Comemorei o meu aniversário em setembro com várias amigas numa aula de dança, com muita alegria e energia boa! Muito gostoso!


E não é que dias depois comecei a sentir uma certa tontura. Aí me dei conta que estava com uma leve labirintite ou vertigem (termos meus, não de médicos), se é que se pode chamar de leve.


Uma noite agarrei o lençol e meu marido, pois meus olhos rodavam sem parar - já não era a porta ou a janela que se mexiam, mas sim meus olhos que giravam numa velocidade desconhecida.


Pela manhã contei para o meu marido, que por acaso é médico especialista de ouvido. Ele me passou umas recomendações e eu então continuei na minha rotina, sentindo já um pouco mais estabilizada.


Dias depois viajamos, e eis que estou na esteira na academia do hotel, termino o meu treininho e resolvo fazer meus alongamentos deitada numa mesa de esportes. Quando levanto o mundo gira, mas gira de tal forma que precisei me abaixar, agarrar na perna da mesa de alongamento e ali ficar por uns segundos.


Mas tudo rodava numa velocidade louca e sem freio algum - parecia que eu estava dentro da casa da Dorothy, do filme O Mágico de Oz, sabe quando a casa fica de ponta cabeça e sai por aí girando no ar até chegar em outra cidade?


Passou também uma imagem na minha mente de que todas as partes do meu cérebro estavam sendo desmontadas - as peças estavam soltas e embaralhadas!


Milésimos de segundos depois, eu senti como se estivesse segurando numa asa de um avião que estava em voo sem piloto, ou seja, a sensação de nenhum controle sobre o meu corpo ou minha cabeça era muito assustadora.


E nesse momento senti muita náusea, um mal estar e comecei a procurar para ver se havia uma câmera para que alguém notasse que eu estava ali sozinha com tudo girando sem parar, agarrada nos aparelhos da academia.


Depois de um tempo, talvez minutos, consigo me levantar e voltar para o quarto - deitei, me agarrei no lençol e fechei os olhos tentando sentir meu corpo e controlar aqueles giros, sem sucesso.


Consegui mandar uma mensagem para o meu marido,


- I am having a severe case of vertigo!

(Estou tendo uma forte crise de labirintite!)


Depois de um bom tempo, pois ele estava fazendo seus passeios de mountain bike, ele me liga, e foi aí que percebi que uma crise de vertigo é bem levada a sério - foi o médico que me ligou, não o meu marido. Ufa! Ponto pra ele, pensei, ele me leva a sério quando parece importante!


Ele chegou fez as manobras para labirintite que médicos e fisioterapeutas já conhecem como tratamento.


Ele me disse: - No alcohol, and no caffeine. (Não tome bebida alcoólica ou café.)


Eu ainda muito abalada, pensei em silêncio, já que não conseguia falar:


“Sem café”? Como posso viver sem o cheiro e o sabor da minha casa, minha mãe, minha pátria? “Sem vinho tinto”, que adoro e que, segundo a lenda meu pai tomou um garrafão de vinho tinto quanto eu nasci: é uma menina! Ou “sem uma cervejinha gelada”, afinal meu primeiro gole de cerveja foi meu pai que serviu numa refeição em casa, e sempre vai ser um laço meu com o Brasil, não que americanos não tomem cerveja, mas vocês entendem meu ponto!


E também pensei, “não posso mais fazer minhas aulas de dança? Tudo vai girar? E não vou mais poder dirigir”? Minha expressão de liberdade e independência. Isso tudo em segundos de acelerados pensamentos em minha cabeça.


E com o passar do tempo fui melhorando! Eu estava lenta até para criar minhas frases ao falar! Foram 8 dias até eu me sentir com os pés no chão e a cabeça em cima do pescoço.


E para que contar tudo isso?


A gente não está aqui para escrever textos descontraídos?


Bom, apenas para dizer que coisas que parecem tão mundanas são essenciais para o nosso bem-estar, e para dizer que o que tirei dessa experiência, é que a saúde é tudo mesmo, e que a gente precisa viver cada segundo e conhecer os sinais do corpo! Eu sei que quando o meu corpo está bem, a minha mente está em bom estado, e vice-versa. E também acrescento que agora tenho mais entendimento e empatia com quem sofre com labirintite.


Ah, e também escrevo neste momento conturbado parar tirar a atenção e a tensão das notícias dos conflitos, catástrofes naturais e atrocidades mundiais atuais, enquanto estou sentada esperando o jogo de tênis começar na escola da minha filha adolescente.


Um momento de paz, num ambiente saudável, cheio de vida e sonhos dos adolescentes - praticando esportes ao ar livre!


E é isso, escrevo também para relatar que ontem à noite fiz uma aula se dança, agora há pouco terminei um trabalho em casa, tomei meu café, peguei o carro e dirigi sozinha até a escola da minha filha, e mais tarde, ou amanhã quem sabe tomarei uma taça de vinho tinto ou uma cervejinha gelada dependendo do clima!


Só tenho a agradecer e viver a vida!


A falta de controle de tudo que senti não tem como descrever exatamente em palavras, isso sem dor alguma!


Foi quase como uma inexistência aqui no planeta terra! Meu mundo girou e eu não conseguia pará-lo!


Até a próxima!


Rose Sperling

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