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Wonder Woman



Você gostaria de ser a Wonder Woman?


Pelo seu super poder, pela força, pela agilidade, pelo senso de justiça, ou pela beleza que ela tem? Ou por tudo ao mesmo tempo?


Ou não gostaria de ser?


Ser a Wonder Woman é um elogio ou um fardo para você, mulher!?


Todo mundo pode pesquisar de onde vem a Wonder Woman, sua criação, sua trajetória, e tudo mais, como as ideias retiradas da mitologia grega - das deusas gregas e suas qualidades e características psicológicas!


E como ela chegou aos 80 anos de vida! Mas o que me interessa aqui é que a existência da Wonder Woman abriu portas para a discussão de muitos assuntos sociais em torno da mulher!


Ela foi criada como super-heroína - uma ousadia, na época, e ela vem sendo representada de formas diferentes com o passar das décadas, ou seja, conforme a evolução do papel da mulher na sociedade.


A mulher dona de casa dos anos 50, a mulher em busca de liberdade de expressão dos anos 70, a mulher que luta pelos direitos iguais e vai atrás de uma carreira profissional etc! Wonder Woman é tudo isso, mas carrega implicações complexas e delicadas


Na fantasia tudo parece viável, tudo é possível - e vestindo mesmo a fantasia a sensação que deve dar é a de que podemos ser tudo e mais um pouco! É só saber curtir o momento e desfrutar da sensação de poder!


Eu vibro, e aplaudo a Mulher-Maravilha, mas para mostrar que temos o potencial, as habilidades e a capacidade física, mental e intelectual para a atividade e estilo de vida que quisermos, e além disso podemos dar a luz! Só dando palmas nas próprias costas mesmo!


Porém, ser a Mulher-Maravilha na vida real pode ser muito controverso! Eu não quero carregar o mundo nas costas! Eu resolvi que posso e sei fazer muita coisa, mas não quero me encarregar de tudo, ou pelo menos de tudo de uma vez!


Muita gente diz: “You can have it all! (Você pode ter tudo!)”.


Eu afirmo que não é assim tão simples e verdadeiro. Um exemplo bem básico, uma mulher, mãe que acompanha bem de perto e participa das atividades e apresentações da escola de um filho, não pode ser a gerente geral de uma empresa em período integral e dizer que foi a todas as apresentações da filha ou do filho - é humanamente impossível, só isso!


Se tiver mais de um filho então, esquece essa possibilidade!


A gente faz e deve fazer escolhas e ser respeitada por elas, e trabalhar para deixar a famosa culpa de lado!


Não existe chamar uma mulher de simples, por exemplo, só porque ela é uma dona de casa. Se alguém parar e entrevistar essa mulher, vai descobrir que ali tem uma mulher complexa, com potenciais talvez nunca percebidos. Talvez ela nunca tenha sido questionada, ou se dado conta de que ela poderia questionar a vida. Mas que sempre há mais do que na superfície, isso sim!


Eu era criança, talvez com 10 ou até 7 anos de idade quando ouvi uma frase que me marcou para o resto da vida! Uma das minhas avós - portuguesa, residente no Brasil desde 1940, mulher de fibra, de vida simples, ficou viúva jovem, e eu sendo curiosa desde sempre, perguntei se ela nunca tinha pensado em se casar de novo, e ela me disse: “eu me casei com quem eu queria, ele era alto e lindo, mas não caso nunca mais!” Ela parou e adicionou: “nunca dependa de homem nenhum”, e apesar de não entrar em detalhes do porquê de ela estar me dizendo aquilo, a frase me seguiu a vida toda!


A minha outra avó, também mulher de vida simples, mas de personalidade forte e com um poder inigualável sobre a família toda, uma vez me disse: “não deixe ninguém te humilhar ou te desconsiderar. Você sabe seu valor!” Ela me disse isso, um dia quando eu voltando do trabalho, resolvi parar na casa dela - eu estava me sentido meio esquisita com um comentário e o comportamento de uma pessoa que estava há mais tempo naquele trabalho, inclusive outra mulher.


Foi uma fala que me marcou, e vive dentro de mim, principalmente vindo de uma senhora que praticamente só saía de casa para ir à feira, ao mercado, e às lojinhas do bairro! E era uma mulher muito conhecida e respeitada por todos!


Voltando à fantasia e à ideia de ser a Mulher-Maravilha, minhas filhas já foram Wonder Woman no Halloween! A fantasia é a coisa mais fofa - colorida e sim, cheia de poder! E a menina então, se sente linda e poderosa! E a mãe acha o máximo!


Acho que na fantasia tudo é possível. O perigo é tentar reproduzir tudo na realidade diária. E por isso, apesar de eu gostar e bastante da fantasia da Wonder Woman, e querer ter sido uma linda e poderosa Wonder Woman para o Haloween, eu nunca fui!


Eu nunca quis passar a ideia errada sobre a mulher que sou, pois eu sou, casada, então, esposa, mãe de 3 mulheres, e gosto e bastante de trabalhar e estudar, e já fiz e faço e muito, trabalhos “domésticos”, mesmo porque isso faz parte do dia a dia de quem vive nos Estados Unidos.


Eu nunca quis, criar e manter a expectativa quase inalcançável de que aprovo e faço tudo o tempo todo, mesmo porque eu repito, não quero carregar tudo nas costas!


Um certo dia das mães, quando as minhas meninas ainda eram relativamente pequenas, eu estava sentada na varanda da minha casa, curtindo o tempo bom - sim, o mês de maio ja começa a ficar mais quentinho em Nova York, e curtindo uns momentos sozinha, olhando para a natureza, eu pensei: “adoro ser mãe! Amo, mas eu largo a capa de super-heroína!”


Não sou a Mulher-Maravilha! Então quem sou eu?


Sou forte, mas sou vulnerável! Adoro estudar, aprender, desafiar meu cérebro, mas também curto uma novela, e um reality show! Amo um documentário sobre um assunto sério, mas adoro uma comédia romântica! Sempre gostei de trabalhar e ganhar meu dinheiro, e viver dele, mas aprendi a priorizar a criação das minhas filhas, e a gostar muito de cozinhar para a minha família, e cuidar do bem estar deles - tarefas já bem árduas. Sou uma pessoa de muito contato com as minhas emoções, mas sei usar e bem, a razão! Eu sou uma pessoa de fé, mas escolho o que quero fazer, e como quero agir, ou seja, quais as características da Mulher-Maravilha que quero potencializar ou aprender a potencializar! Em suma, uma manutenção física, mental, intelectual e espiritual sem fim para ser uma mulher que agrade a mim mesma em primeiro lugar!


Vou terminando esta reflexão, e considerando adquirir uma linda fantasia da Wonder Woman!


E você, quer ser a Mulher-Maravilha?


Até a próxima!


Rose Sperling

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