Colocar em palavras aquilo
Que não se escreve
A insegurança
O medo
A falta que a falta faz
A triste realidade
Da finitude
E aquilo tudo
Que se paga
E não se deve
As marcas
Joelhos ralados
Vidros quebrados
Rodas redes
Bolas de gude
Marcas de dentes
Velas ao vento
Na cabeça o tempo
Em mãos desenhada
E na pele
Unhas
O traço
O roxo
O raso
E da linha
Só a agulha
Livre
Como som
De chuva presa
Regando o que não se rasga
Rasgando o que não se rega
A escassez de raizes
A aflição que a solidão trás
Desfalcadas diretrizes
Vantagens roubadas
E a ira de ser quem não somos
Não fomos
E não seremos
Jamais
A consciência desdobrada
A inconsistência
Que não se trás
A vida sob uma nova direção
As letras que não se formam
O ritmo que não toca
As palavras que vem de canções guardadas em corações bordados
Embalados abismos
O presente esquecido passa
O passado passando fica
O silêncio o obscuro as listas
Obstáculos derrubando muros
E na ponte bamba
O mundo todo
Resumido em textos orgânicos
A tal da poesia em extinção
E eu aqui
De lado
Lendo escrevendo
Vivendo a vida
Declamando
Calado
E desenhando
Em vão….
Lu Bolliger
Junho 2024
Trancoso
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