Aonde você busca suas informações sobre dietas?
Antigamente líamos em revistas, programas femininos ou perguntávamos para amigas.
Com o advento das redes sociais, as informações estão em todos os lugares. E com o algoritmo então....se você pensar em fazer dieta, as informações vão inundar seu celular. Brotam mais do que capim.
Tenho certeza que todas as informações são sempre bem intencionadas. O problema é
que pegar fragmentos de dietas diferentes pode não dar numa combinação muito boa.
Diminuir carboidratos pode ajudar a perder peso? Sim, mas se você tiver diabetes,
pode descontrolar o programa de insulina. Se for atleta, pode perder massa muscular e
reduzir performance. Se tiver gota, pode desencadear uma crise.
Aumentar o teor de proteína é bom? Pode ser, se você estiver em processo de
sarcopenia, a perda de massa muscular que ocorre normalmente a partir dos 50 anos
(em algumas condições de saúde, pode ser antes). Mas se você tiver problemas renais,
pode ser um problema.
Idem se for usuário de medicações excretadas pelo rim. Se consumir muita proteína animal, pode aumentar demais o colesterol. Sem contar que proteína tem calorias, ou seja...cuidado para não ultrapassar as suas necessidades diárias!
Comer um monte de grãos no café da manhã ajuda no bom funcionamento intestinal?
Com certeza! Mas engordaaaaaaa...que tal tentar o farelo de cereais (aveia, trigo...)
que têm menos calorias?
Talvez se comer salada o dia todo resolva, mas...e o valor energético do molho? Quanto de molho você está colocando na sua preparação? Tem algo além de vegetais nesta salada? Já pensou que fibras em excesso dá gases?
Recentemente, atendi uma senhora que de tanta água que bebeu para diminuir o
inchaço, teve diluição de sódio no corpo, o que é perigoso, haja visto que este mineral
está envolvido em todas as contrações musculares e impulsos nervosos. Isso pode
acontecer também quando se toma muita água de uma vez no pós treino ou
maratona.
O problema tem até nome: hiponatremia por diluição. Isso mata! Como podem ver, até água, a rainha de todos os alimentos, em excesso, pode fazer mal.
Idem para suplementos. Por exemplo, probióticos, os queridinhos do momento, se
usados num momento inadequado de inflamação e/ou alta permeabilidade intestinal,
podem entrar na corrente sanguínea e as bactérias se instalarem num lugar que não
seja o intestino, seu habitat natural.
Filme de terror.
Enfim, os exemplos são infindáveis. Todos os que citei acima ao menos têm
fundamento. E as dietas que aparecem do nada, sem nenhuma comprovação
científica? É o caso da nova dieta da banana. Ainda não consegui entender como
funciona. Se alguém souber, por favor me escreva contando. Já procurei no google,
porém percebi que surgiram variações e fiquei confusa.
Estudei muito para conhecer as funções dos nutrientes, alimentos e sua relação com o
corpo. Sua forma de absorção, metabolização e aproveitamento. Nutricionista não
precisa ser magro. Nutricionista precisa saber de fisiologia, semiologia nutricional,
técnicas dietéticas, antropometria, avaliação corporal, química e uma pitada de
psicologia, imagem corporal e vínculo. Ser magro (ou ter emagrecido) não dá diploma
de nutricionista a ninguém.
Segundo o romance de Mary Shelley (publicado em 1818), Frankenstein é uma ser
produzido em laboratório a partir de partes de cadáveres humanos. Uma gigante e
horrenda criatura, inadequada ao mundo.
Criado para ser uma evolução da ciência, sua tristeza e solidão o tornaram um monstro assassino, que aqui faço um paralelo com esses modismos alimentares que não sabemos como nascem. Que são retirados de uma dieta aqui e outra ali.
Podem até ser bem intencionados, mas nem sempre vão ser saudáveis.
Dieta tem que ser personalizada e intransferível. É por isso que na internet tem várias delas, mas nunca a sua.
Adriana Kachani
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