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FAT TALK



Sobre o que você vai conversar no Jantar de Natal? E no Ano Novo?


Espero que seja sobre presentes, férias, as novas séries da Netflix, a apresentação de ballet da sua filha. Pode ser também sobre o cachorrinho novo que, brincalhão, destruiu sua casa ou da reforma que está planejando para o ano que vem.


Mas nunca, NUNCA sobre sua dieta, a dieta da vizinha ou a dieta que viu na internet. E

JAMAIS sobre o quanto está gorda, sobre sua última lipo, sobre as roupas que não

couberem. IMPENSÁVEL comentar sobre as calorias do jantar que estão participando

ou sobre a culpa em devorar a sobremesa.


Esse papo chato – mas comum - se chama FAT TALK (sem tradução para o português).

O termo foi cunhado pelos antropólogos Nichter & Vuckovic em 1994 e diz

respeito a conversações com a família e amigos que contenham comentários positivos ou negativos sobre aparência, dietas e necessidade de perda de peso.


Tudo isso para estar de acordo com as regras da sociedade. Nos círculos sociais é cada vez mais frequente escutar essas conversas.


As pessoas costumam reclamar de seus corpos enquanto outros oferecem dicas de

manejo. É importante considerar que as queixas a respeito do corpo nem sempre são objetivas, comprovadas pelos padrões internacionais de classificação de peso, mas muitas vezes acontecem somente para impressionar os amigos ou iniciar conversas.


O FAT TALK acontece em grupos sociais de várias idades e níveis sociais, geralmente entre mulheres e adolescentes e não somente em quem está acima do peso. Muito pelo contrário!!


Normalmente FAT TALK é realizado por pessoas com peso normal, dá para acreditar? Pois é, reparem...às vezes é até uma forma de mostrar liderança ou receber elogios – o conhecido “pedir confete”.


A verdade é que quem está realmente acima do peso tenta evitar este tipo de conversa, provavelmente com medo de chamar atenção para o seu problema.


E quem não sucumbe ao FAT TALK? É quase impossível!!! Mesmo estando feliz com o corpo, acabamos nos envolvendo no papo para ficarmos por dentro das novidades do maravilhoso mundo das dietas.


Também pelo medo de sermos chamadas de chatas ou não sociáveis. O problema é que todo esse papo pode levar a um terrível ciclo vicioso: FAT TALK – insatisfação corporal –

baixa auto estima – FAT TALK.


Se FAT TALK é tão danoso, por que entramos no jogo? Ficar calada num momento de queixa geral pode soar como presunção, como se seu corpo fosse perfeito. Afinal, sempre podemos falar mal de nossos corpos, porém falar bem pode soar mal.


Paralelamente, o papo serve também para afirmar que temos valores parecidos no que se refere a aparência, levando a uma maior conexão com o próximo. Esse é o lado bonito do FAT TALK, a possibilidade de que um ajude o outro com seus conhecimentos. Nem sempre corretos, vale ressaltar.


FAT TALK é também uma forma de entrosamento e solidariedade. E sobretudo, FAT TALK é uma forma de mostrar cuidado com o corpo, indicando responsabilidade com a saúde, um valor importantíssimo nos dias de hoje.


Se você ainda não se preocupa com isso, anote na lista de resoluções para 2024.


Adriana Kachani

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